Os Gatos Sonham?

Existem estudos consistentes que sugerem que os gatos sonham.

A pesquisa sobre o sono dos gatos e outros mamíferos tem revelado informações fascinantes sobre seus padrões de sono e atividades cerebrais durante o descanso. Vamos conhecer um pouco mais sobre esse controvertido assunto.

A ciência é clara: assim como os humanos , os gatos vivenciam ciclos REM que envolvem sonhos. 

Explorar esse fascinante assunto nos faz compreender ainda melhor a quantidade de semelhanças que existem entre os humanos e os animais.

Comportamento do sono do gato

O comportamento do sono dos gatos é caracterizado por uma combinação de sono leve, sono profundo e sono REM (Rapid Eye Movement), com cada fase desempenhando um papel crucial na saúde e bem-estar do animal.

Gatos domésticos passam cerca de 12 a 16 horas por dia dormindo, divididas em múltiplos cochilos ao longo do dia e da noite. Durante o sono leve, os gatos permanecem alertas a estímulos externos, prontos para acordar rapidamente se necessário.

No sono profundo, eles experimentam um relaxamento muscular completo e uma atividade cerebral reduzida, essencial para a recuperação física.

A fase REM, que ocupa cerca de 20% do tempo total de sono, é marcada por movimentos rápidos dos olhos, aumento da atividade cerebral e relaxamento muscular profundo.

É durante essa fase que os gatos sonham, frequentemente exibindo movimentos das patas, bigodes e até vocalizações, sugerindo que estão “revivendo” experiências do dia. Esse comportamento de sono fragmentado e multifásico é uma adaptação evolutiva que permite aos gatos conservar energia enquanto permanecem prontos para caçar ou se defender de predadores.

Gatos adormecem rapidamente

Você já notou a rapidez que o bichano entra no modo soneca?

Os gatos têm a capacidade de adormecer rapidamente devido a uma combinação de fatores evolutivos, biológicos e comportamentais que lhes permitem maximizar a eficiência do sono e conservar energia. Aqui estão algumas razões detalhadas para esse comportamento:

1.Adaptação Evolutiva : na natureza, os gatos são tanto predadores quanto presas. A capacidade de adormecer rapidamente e entrar em um estado de sono leve permite que eles estejam sempre prontos para reagir a ameaças ou oportunidades de caça. Essa habilidade é uma vantagem evolutiva que aumenta suas chances de sobrevivência.

2. Ciclo de Sono Multifásico: ao contrário dos humanos, que geralmente têm um ciclo de sono monofásico (um longo período de sono contínuo), os gatos têm um ciclo de sono multifásico. Eles dormem em múltiplos cochilos curtos ao longo do dia e da noite, o que lhes permite adormecer e acordar rapidamente.

3. Conservação de Energia: gatos são animais carnívoros que, na natureza, gastam muita energia caçando. Dormir frequentemente e adormecer rapidamente ajuda a conservar energia para essas atividades intensas. Mesmo os gatos domésticos mantêm esse comportamento instintivo.

4. Fisiologia do Sono: a fisiologia do sono dos gatos permite uma rápida transição entre a vigília e o sono leve. Durante o sono leve, eles permanecem em um estado de alerta, prontos para despertar rapidamente se necessário. Isso é facilitado por um sistema nervoso altamente eficiente que regula o ciclo sono-vigília.

5. Ritmo Circadiano: gatos são animais crepusculares, o que significa que são mais ativos durante o amanhecer e o entardecer. Durante o dia e a noite, eles tendem a dormir mais para conservar energia para esses períodos de maior atividade.

O sono do gato

Conforme mencionamos acima, os gatos, assim como os humanos, passam por diferentes fases do sono, incluindo:

1. Sono de Ondas Lentas (NREM): Esta é a fase inicial do sono, caracterizada por uma atividade cerebral mais lenta e relaxamento muscular. Durante esta fase, os gatos estão em um estado de sono leve.

2. Sono REM (Rapid Eye Movement): Esta fase é caracterizada por movimentos rápidos dos olhos, aumento da atividade cerebral e relaxamento muscular profundo. É durante o sono REM que os sonhos ocorrem.

Michel Jouvet foi um neurofisiologista francês cujas pesquisas pioneiras sobre o sono, especialmente o sono REM (Rapid Eye Movement), tiveram um impacto significativo na compreensão do sono em mamíferos, incluindo gatos.

” Os gatos domésticos foram alguns dos primeiros animais submetidos à pesquisa dos sonhos. Michel Jouvet, um pioneiro dos estudos do sono, descobriu evidências de sonhos felinos na década de 1960, quando observou o comportamento dos gatos enquanto dormiam.” National Geographic Brasil

De acordo com o pesquisador, nosso bichanos visitam a terra dos sonhos, assim como nós. Suas descobertas sobre a atividade cerebral durante o sono REM, a importância dessa fase para a consolidação da memória e os comportamentos observados durante os sonhos continuam a influenciar a pesquisa sobre o sono em mamíferos.

Os sonhos felinos não diferem muito dos nossos, de acordo com Matthew Wilson, professor associado de ciências cerebrais e cognitivas do Instituto Picower de Aprendizagem e Memória do MIT . Eles também sonham com as coisas de sua vida cotidiana – brincar, perseguir presas, etc.

Comprovações científicas que gato sonha

Se meu gato não fala, como podem afirmar que ele sonha?

O fato é que pesquisadores se utilizaram de alguns elementos para chegarem a essa conclusão. Novas tecnologias vem sendo desenvolvidas e esse campo de pesquisa avançou bastante. Vamos conhecer as tecnologias e métodos utilizados:

Eletroencefalograma (EEG) em Gatos

O EEG em gatos mostra padrões de ondas cerebrais semelhantes aos humanos, incluindo as fases de sono de ondas lentas (NREM) e sono REM. Durante o sono REM, os gatos exibem ondas cerebrais rápidas e irregulares, indicando alta atividade cerebral, semelhante ao que ocorre nos humanos durante os sonhos.

Michel Jouvet, um dos pioneiros no estudo do sono, utilizou EEGs em gatos para identificar e caracterizar o sono REM. Ele observou que durante o sono REM, os gatos apresentavam movimentos rápidos dos olhos e contrações musculares, sugerindo que estavam sonhando.

Ressonância Magnética Funcional

A Ressonância Magnética em gatos pode mostrar quais áreas do cérebro são ativadas durante diferentes fases do sono. Isso ajuda a entender melhor como o cérebro dos gatos processa informações e experiências durante o sono.

Exemplo de Estudo: Estudos de fMRI em gatos têm sido usados para mapear a atividade cerebral durante o sono e a vigília, fornecendo insights sobre a função cerebral e a neurofisiologia do sono.

As tecnologias de EEG e fMRI são ferramentas valiosas para estudar o sono e os sonhos em gatos. Esses métodos permitem que os cientistas observem a atividade cerebral e identifiquem as diferentes fases do sono, proporcionando uma compreensão mais profunda dos processos neurais envolvidos. Ao aplicar essas técnicas em gatos, os pesquisadores podem fazer descobertas importantes que têm implicações para a saúde e o bem-estar de ambos, animais e humanos.

Os gatos tem pesadelos?

A possibilidade de que os gatos tenham pesadelos é um tema intrigante e, embora não possamos afirmar com absoluta certeza devido à falta de comunicação direta com os animais, há evidências que sugerem que eles podem, de fato, experimentar algo semelhante a pesadelos.

Se os gatos sonham, é razoável supor que eles também possam ter pesadelos, assim como os humanos. Pesadelos são essencialmente sonhos negativos ou perturbadores, e não há razão para acreditar que os sonhos dos gatos sejam exclusivamente positivos.

Alguns donos de gatos relatam que seus animais de estimação exibem comportamentos inquietos durante o sono, como movimentos bruscos, vocalizações (miados ou grunhidos) e até mesmo acordar repentinamente em aparente estado de alarme. Esses comportamentos podem ser indicativos de que o gato está tendo um sonho perturbador ou um pesadelo.

Michel Jouvet, em seus estudos sobre o sono REM em gatos, observou que os gatos às vezes apresentavam movimentos e comportamentos que sugeriam estar revivendo experiências negativas.

Gatos que passaram por experiências traumáticas, como abuso, acidentes ou situações de alto estresse, podem ter maior probabilidade de reviver essas experiências em seus sonhos. Isso é semelhante ao que ocorre com humanos que têm pesadelos relacionados a traumas.

” A escritora Pamela Merritt conta a história de como seu gato, James Bond, desapareceu por 2 meses. Quando ela finalmente o encontrou, ele apresentava vários ferimentos por ter sido atropelado por um veículo. James Bond levou um ano inteiro para se recuperar. Durante esse tempo, ele teve o que Merritt só poderia descrever como pesadelos: ele fazia “ruídos angustiantes, especialmente se estivesse dormindo enquanto a sirene de uma ambulância tocava”. A sirene despertou lembranças do tempo em que ele se perdeu.” ( Petful )

É importante lembrar que a interpretação do comportamento dos gatos durante o sono é subjetiva. O que pode parecer um pesadelo para um observador humano pode ter uma explicação diferente no contexto da experiência do gato.

Sem a capacidade de comunicar diretamente com os gatos, não podemos saber com certeza o conteúdo de seus sonhos. As conclusões são baseadas em observações comportamentais e estudos de atividade cerebral.

Conclusão

A pesquisa sobre o sono e os sonhos em gatos continua a avançar, com estudos recentes utilizando tecnologias de ponta para aprofundar nossa compreensão desses fenômenos. As descobertas recentes reforçam a ideia de que os gatos, assim como outros mamíferos, experimentam sonhos durante o sono REM, e que esses sonhos podem desempenhar um papel importante na consolidação da memória e no processamento de experiências.